sábado, 27 de setembro de 2008

Mobilidade Corporativa

Tem gente que está falando que já estou enchendo o saco com esse tal de enterprise mobility. Mas não dá... acredito muito que esse segmento é o que vai transformar formas como empresas se comportam, e mais ainda, irá alterar a rotina das pessoas... vai mudar muita coisa, inclusive na própria indústria de telecom, ou seja, na relação entre operadoras e fabricantes, relação desses com integradores e desenvolvedores de aplicações... e impacto na forma de comercialização de terminais.

Vale ressaltar aqui que quando falo de enterprise mobility, não me refiro somente aquelas empresas com planos corporativos, com adoção de aplicações e devices de mobilidade sofisticaos. Estou falando também do "prosumer", ou seja, daquele profissional que não é coberto pelo plano corporativo da empresa, ou até mesmo um profissional liberal que está em busca de ferramentas que aumente a produtividade, ou até mesmo algo que lhe proporcione uma diferenciação no seu meio.

Operadoras investiram muito em rede (cobertura e upgrade) e ganharam mercado graças a subsídio. Precisam mais que nunca recuperar seus investimentos através da venda de serviços, e ao mesmo tempo aumentar a fidelização de seus clientes. Considerando que o mercado corporativo deve ter um churn menor pois o custo de mudança de um plano corporativo acaba sendo maior, que soluções corporativas se pagam (ROI) pois as empresas ganham agilidade, produtividade e até melhora de imagem, é definitivamente o que as operadoras precisam. O Yankee Group prevê que usuários corporativos terãum um ARPU 2.5 vezes maior que o usuário de massa.

Acompanhei de perto os anúncios dos aparelhos da Nokia e da HP a chegarem ainda esse ano no Brasil. Interessante notar que fica cada vez mais comum devices com Bluetooth, WiFi e celular. E no caso da Nokia, ou melhor, da Nokia Enterprise Solutions (ES), fica a estratégia de se posicionar como um integrador de soluções, e não somente como fabricantes de aparelhos. Já no caso da HP, lançando o iPaq equipado de Bluetooth-WiFi-Celular e GPS embutido, o valor está não somente nas funcionalidades do aparelho, mas na presença da HP com um porfolio completo de terminais portáteis, além da já existente presença com servidores, desktops, e serviços junto as empresas.

Ou seja, cada vez mais o device é parte de uma solução maior. A oferta deve ter uma cadeia de valores forte formada de parcerias responsáveis. Definitivamente as operadoras estarão envolvidas, mas a dúvida é: será que elas são as empresas mais adequadas para liderar a oferta? Eu acredito que não. Pelo menos do jeito que as operadoras estão estruturadas hoje não. É aí que a brincadeira começa a ficar interessante...
Vale ressaltar também que ao mesmo tempo que tudo isso acontece (lançamento de novos terminais, operadoras celulares ganhando penetração de planos corporativos, empresas olhando para mobilidade corporativa como diferencial competitivo), o custo de conectividade para as empresas também começam a cair pelo aumento de competição. Além disso, existe um aumento de oferta de PABX-IP e Softphones...

Enfim, a voz também motivará a convergência fixo-móvel. Empresas irão entender que não será mais necessário um ramal fixo, ligado a uma rede cabeada ao PABX da forma como é hoje. Os próprios aparelhos WiFi-Celular poderão se transformar no ramal quando o profissional estiver dentro da área de coertura da rede da empresa utilizando Voz sobre WiFi, ou então fora da empresa com o mesmo terminal, mas agora utilizando o serviço celular.

E na tentativa de diminuir os riscos e custos, empresas irão começar a definir a compra de aparelhos homologados, baseados em sistemas operacionais (Windows vs Linux, Outlook vs. Notes, etc) padrões de tela, performance e autenticação de rede, etc. Sendo extremista, será o fim do poder dos profissionais em escolher os aparelhos que mais lhe agradam. Imagina o impacto que isso não terá nos fabricantes ou nas próprias operadoras...

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